Eu sempre me perguntei o porquê dos esportes fazerem tanto sucesso entre as pessoas. A comoção, a vibração, o grito de alegria ou a decepção são emoções sentidas tão intensamente comovendo todos à volta. É impressionante como todo o resto parece insignificante quando assistimos ao jogo, como se pudéssemos nos transportar da realidade por um tempo e, enquanto torcemos, o único problema parece ser o de perdermos o jogo.
É, no sentido mais puro da paixão, um escapismo, uma fuga da realidade para um mundo paralelo onde não existem responsabilidades e não precisamos nos preocupar com o trabalho a ser entregue no dia seguinte ou com a prova para a qual é preciso estudar. Para algumas pessoas é, inclusive, essencial a existência de tais jogos podendo, assim, comentar aquela cesta, aquele ponto ou aquele gol que fizeram a diferença e levaram os espectadores ao êxtase.
A situação mais enlouquecedora para o torcedor, muitas vezes, é aquilo já chamado por Nelson Rodrigues de “Sobrenatural de Almeida”, fazendo aquela bola certa acabar na trave, na tabela ou com a distância de um fio de cabelo para fora da linha que delimita a quadra. O acaso é, portanto, muitas vezes, determinante nas partidas e, consequentemente, uma excelente forma de levar o torcedor à loucura.
Mas o impressionante é o envolvimento do público com as partidas e seus resultados. Muda completamente o dia ou o humor do torcedor. Se ganharmos, a vida parece ficar até mais fácil, mais gostosa de viver. Se perdermos, entretanto, a sensação que fica é de “além de todos os problemas com tantas outras coisas, ainda mais isso para perturbar a cabeça”. E como moldamos nosso dia e nossas coisas para fazer de acordo com o jogo.
É preciso entender, porém, o fato daquela partida ou daquele campeonato não resumir a vida da pessoa, como o torcedor tentando pular do estádio quando o Vasco caiu para a segunda divisão, ainda mais porque mereceu... Brincadeiras à parte, é legal se emocionar, torcer junto com o time e incentivá-lo, mas é necessário um senso de proporção aguçado para não nos deixar afetar tanto com aquilo; e isso é a coisa mais difícil de um apaixonado fazer.
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