A insônia têm-me acertado com mais frequencia ultimamente. Talvez a solidão me pese de maneira mais significativa quando deito a cabeça no travesseiro. E me assusta. Devo admitir, porém, que a possibilidade de uma iminente reviravolta na vida não ajude o sono a chegar.
Porque isso nos assusta tanto, a mudança? Toda a nossa vida é baseada nela, ninguém permanece igual toda a vida, somos cercados por pequenas mudanças cotidianas definidoras de nosso caráter. Quando, entretanto, é hora de uma reviravolta total na vida, nos amedrontamos.
Acredito que uma das piores coisas da vida seja a acomodação. Imagine as possibilidades que surgiriam na vida se decidíssemos esquecer a rotina e viver todo dia sem roteiro, como a onda nos levasse. Mas não. Decidimos pela rotina, pelo seguro, pelo previsível, pela acomodação. Quando uma oportunidade de mudar de vida aparece, fechamos a porta, viramos a cara, recuamos.
Eu li uma vez algo sobre a saudade... Sentimos falta daquelas partes de nós deixadas pelo caminho, partes de nós deixadas em cada pessoa que nos marcou, de alguma forma, nos dando de presente um pedaço delas também. A estagnação pode ser por isso? O medo de a saudade ser demais para ser suportada? Ou o medo de ficarmos incompletos?
Não descobri a resposta. Desconfio, inclusive, nuca ser possível encontrá-la. Mesmo assim, continuarei procurando, mudando, seguindo caminhos nunca traçados, nunca trilhados. Afinal, nunca se sabe o que o desconhecido lhe trará e, mesmo sendo grande o medo da descoberta, a curiosidade me dá forças para continuar seguindo em frente.