sexta-feira, 23 de maio de 2014

Aware

Aware: (do japonês) o gosto agridoce de um momento rápido e evanescente de beleza transcendente.

A vida não precisa de muito pra valer a pena. Pequenos momentos que não voltam, mas ficam na memória. Um telefonema, uma mensagem, um olhar, a presença. Por vezes escassa, se intensa, sempre valerá a pena.

Mas como lidar com a saudade? Distância momentânea, voluntária ou eterna será sempre distância. É nesse balanço que a vida corre, “como o caramelo que chegasse ao fim”. Doces momentos inesquecíveis intercalados pelo amargo da ausência, da distância. Necessários. O doce, quando em excesso, arranha na garganta e enjoa. O azedo ajuda a apreciarmos o doce.

Por vezes, o azedo vem forte demais e perde-se o propósito. A vida nem sempre é justa e faz sentido. Bate forte, tira o chão e nos deixa em queda-livre. Não nos resta muito a fazer, a não ser se valer do bom da vida; o carinho, o companheirismo, o amor tornam tudo mais suave.

Criemos, portanto, mais “awares”, mais vida, mais alegria. Sustentemos mais uns aos outros. Nosso tempo aqui é curto, é bom aproveitá-lo com felicidade.



“Tired of lying in the Sunshine, staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.”
(Time – Pink Floyd)

sábado, 17 de agosto de 2013

Sobre Exemplos e Sucessos

Estive perdida por muito tempo. Em um espaço entre querer achar um novo rumo para a vida e tentar continuar onde estava o máximo que conseguisse. Por você. Por tentar ser alguém de quem você se orgulhasse. Em um momento, percebi que seguir meu próprio caminho me faria me esforçar muito mais e assim eu te orgulharia, então.

Eu encontrei o que me faria feliz. Encontrei o caminho que eu gostaria de trilhar. Eu sei de sua mágoa por ter feito isso sozinha. Precisava, entretanto, olhar para dentro de mim naquele momento. Só assim descobriria o certo a se fazer. E, para isso, precisava refletir. Sem conselhos. Sem conversas. Portanto, me perdoe pela mágoa, é algo sempre evitado por mim. E, deixando registrado, foi por isso meu silêncio. Não por não confiar em você.

Quando te contei meu medo de te decepcionar durante meu caminho, você me disse ser um pedaço de si. E que, portanto, isso nunca aconteceria. Em nenhum outro momento de toda minha vida me senti tão realizada. Você é minha inspiração, meu norte, meu exemplo. E escutar ser, ao menos, parecida com você já me deixa imensamente satisfeita. E, apesar de não poder prometer a perfeição, prometerei a busca do meu melhor, para honrar a semelhança.



“Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay caminho
sino estelas en la mar” (Antonio Machado)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tempos Ruins

E não tinha nada lá. Nunca tem nada lá, na verdade. Acho que eu é que costumo ver mais do que deveria, mais do que existe realmente. Faz-me pensar... O mundo anda tão errado e acabamos o imaginando de uma forma melhor para buscar a felicidade e buscar um lugar mais bonito, doce e gentil para viver, ou eu vivo com o coração tão nas nuvens e acabo divagando e imaginando um mundo melhor, vivendo de acordo com esse imaginário, na esperança de ver, sentir e viver coisas melhores comparadas àquelas presentes em nossa realidade de fato?

Talvez um dia eu consiga responder essa questão com certeza... Mas não hoje. Hoje só existe a falta de rumo, de norte, de paz.

"Ponho o meu sapato novo e vou passear. Sozinho, como der, eu vou até a beira"

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Adeus Você

É por sua causa que afirmo não conseguir viver com “quases”. Não é de se espantar, considerando ter sido você meu quase mais real, mais doce e mais doído. Três vezes eu te disse “adeus”. Três vezes eu sofri por não podermos ficar juntos. Na quarta, não consegui me aproximar... Não achava que conseguiria virar as costas pra você mais uma vez, por mais que nós dois soubéssemos não ser minha culpa...

Sempre me lembrarei disso. De nós dois, do nosso tempo junto, imaginando o que poderíamos ter sido... Não me é uma preocupação se pensas da mesma forma. Guardo-te comigo no coração. E sempre guardarei por sua importância em minha vida. Não posso, entretanto, esperar que faças o mesmo... Nunca consegui me recuperar completamente de relacionamentos passados. Alguma lembrança sempre fica. Saudade de alguma coisa.

Às vezes me perco pensando o que será que ficou em você de mim... Provavelmente só uma lembrança de alguém que quase conhecestes. Tá tudo bem... Mesmo se assim for, sempre me lembrarei de ti com carinho pelo que quase vivemos e com tristeza por ter sido obrigada a deixar você repetidas vezes.

Lembrei de você escutando essa música...

Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar
Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta
E não pensa que eu fui por não te amar
Quero ver você maior, meu bem
Pra que minha vida siga adiante
Adeus você
Não venha mais me negacear
Teu choro não me faz desistir
Teu riso não me faz reclinar
Acalma essa tormenta
E se agüenta, que eu vou pro meu lugar
É bom...
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom
Quero não saber de cor, também
Pra que minha vida siga adiante

(Adeus Você - Los Hermanos)



*Tava no rascunho tinha um tempo... Tava na hora de postar...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Seu Tempo

E pra onde foi a vontade de me ter ao teu lado todo o tempo? Onde ficaram as promessas de nunca me deixar, me magoar, ou me fazer chorar? Onde está a tolerância, a humildade e o carinho que tanto me encantaram em você?

Não, eu não entendo. Não consigo engolir você colocando o dedo na minha cara e apontando erros quando não consegue olhar pra si mesmo e ver suas imperfeições. Entender que existem traços da sua personalidade não tão agradáveis aos meus olhos. Assim como acontece com você. Não consigo entender como uma pessoa tão gentil consegue ser incapaz de entender a gentileza, o cuidado. Já olhei por todas as saídas e não encontrei a resposta. E você, em vez de me ajudar a enxergá-la, resolveu fugir. Da conversa. Do contato. Do amor.

Se não consegues aceitar quem eu sou, como pode me amar desse tanto? Não consegues entender, compreender nem aceitar, já tendo dito que faz de tudo para se colocar no lugar dos outros para entendê-los. Por que não comigo, então? Agora é próximo. Minhas decisões te afetam diretamente e, por isso, perdeste o olhar imparcial que costumavas ter quando se colocava no lugar de outros para entendê-los. Não. Agora não, né? Agora é que a corda aperta. Quando eu tomo decisões por nós, não consegues nem aceitar meus motivos. Quem dirá se colocar no meu lugar para entendê-los...

E agora, José, o que faremos? Se reclamas de mim e eu discordo, estás certo. Se reclamo de ti e discordas, estás certo também. Essa intolerância me tira do sério. Mas me tira do sério apenas por que eu te amo. Mal faz sentido isso, né? Eu explico. Irrita-me por que eu quero ficar contigo, me irrita por que quero mais dias de paz para nós dois. Irrita-me por que esses infernos de imperfeições juntas nos atrapalha. Eu sou apoiadora convicta das dificuldades da vida, sabes disso. Sem elas, tudo perde a graça. Mas travar batalhas sozinha na vida de casal cansa. Por vezes, me parece que faço isso. Por que faço questão de olhar os dois lados da história, acatei diversos pedidos de proximidade, de conversa e de declarações. Por nós. Pela nossa felicidade. Hoje, eu não vi isso em você. O que tanto me pedistes para fazer. Hoje, eu duvidei do teu amor.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012